Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados).
O militar disse que colaborou de forma voluntária e confirma que o ex-presidente leu e alterou a ‘minuta do golpe’
Mael Vale –
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi o primeiro réu a depor, nesta segunda-feira (9), no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Cid, que firmou um acordo de colaboração com a Justiça, começou sua fala deixando claro que seu comprometimento com a verdade foi feito de forma voluntária.
“Assinei a colaboração de forma voluntária, sem qualquer coação”, afirmou.
Mauro reforçou que, embora tenha presenciado muitos dos fatos em investigação, não participou diretamente das articulações: “Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles”.
Antes de prestar seu depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, Cid e Bolsonaro se cumprimentaram com um aperto de mãos.
Durante o depoimento, Mauro Cid confirmou que o ex-presidente teve acesso à chamada “minuta do golpe” — um documento com medidas que poderiam anular o resultado das eleições de 2022.
Em meio ao turbilhão de acusações e da pressão pública, veio à tona recentemente um áudio de Cid em tom crítico, que repercutiu nos bastidores da política. Sobre isso, o tenente-coronel esclareceu:
“Foi um vazamento de áudio sem meu consentimento, um desabafo de um momento difícil que eu e minha família estávamos passando. Eu vendo minha carreira militar desabando, minha vida financeira desabando, isso gerou uma crise psicológica muito grande e me levou a um certo desabafo a amigos, nada de maneira oficial ou acusatória”.
Por estar na condição de réu e delator, o interrogatório de Cid deve ser o mais extenso e tomar todo o primeiro dia de oitiva. Em seguida, os demais réus serão interrogados por ordem alfabética.
Veja a ordem dos depoimentos:
- Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, general do Exército e ex-ministro de Bolsonaro.