Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil
Segundo uma fonte do Itamaraty informada ao g1, o governo local da Nicarágua se queixou da ausência de um representante brasileiro no evento comemorativo do aniversário da Revolução Sandinista, celebrado em 19 de julho de 2023. As relações entre os dois países já estavam tensionadas há algumas semanas, e recentemente a embaixada brasileira recebeu uma queixa formal e a ameaça de expulsão do embaixador.

Congelamento das Relações Brasil e Nicarágua
O congelamento das relações diplomáticas entre Brasil e Nicarágua foi uma medida adotada pelo governo Lula como resposta à prisão de padres e bispos pela administração de Daniel Ortega, ditador reeleito da Nicarágua. Desde 2022, o governo brasileiro vem exigindo a libertação desses religiosos, recusando-se a manter uma postura de normalidade em relações internacionais enquanto os clérigos continuam detidos.
A imprensa nicaraguense atribuiu a notícia sobre a expulsão do embaixador brasileiro a fontes da diplomacia local, mas até a última atualização dessa reportagem, o governo da Nicarágua não havia se manifestado oficialmente. O ex-embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA), Arturo McFields, confirmou a expulsão, com base em informações do Ministério de Relações Exteriores nicaraguense.
Repercussão da Expulsão de um Embaixador
A expulsão de um embaixador é sempre um gesto grave nas relações diplomáticas entre dois países. Esse tipo de ação normalmente sinaliza uma ruptura significativa e pode causar efeitos em cadeia em diversas áreas de cooperação bilateral. Neste caso, o índice V-DEM, que mede o status das democracias ao redor do mundo, classifica a Nicarágua como uma autocracia sob o governo de Daniel Ortega.
Com 17 anos de poder, Ortega é frequentemente acusado de nepotismo e de instaurar uma ditadura. Ele, por outro lado, defende seu governo alegando proteger a soberania nacional contra ataques externos, especialmente dos Estados Unidos.