Câmbio Automático: descubra os erros comuns na ‘posição P’ e outras falhas dos motoristas que podem prejudicar o carro

Foto: André Paixão/Autoesporte

O câmbio automático já foi considerado um item de luxo no Brasil. Contudo, atualmente o equipamento está mais acessível e já equipa cerca de metade dos carros novos vendidos no Brasil

Dessa forma, muitas pessoas que passaram a maior parte da vida dirigindo carros manuais agora têm a chance de guiar um automóvel sem pedal de embreagem pela primeira vez. As informações são do UOL Carros.

Embora a transmissão automática seja projetada para simplificar a vida e trazer conforto ao volante, ela tem seus macetes: erros facilmente evitáveis são capazes de causar danos graves com o passar do tempo, cujo reparo pode custar uma fortuna – para a alegria do seu mecânico.

UOL Carros consultou especialistas e traz dicas para condutores iniciantes no mundo dos carros automáticos. Confira as orientações para você evitar barbeiragens que lá adiante vão encher o bolso do seu mecânico. Veja cinco exemplos de erros comuns e faça do jeito certo.

1 – ‘Segurar’ veículo na lomba com acelerador

Um erro comum em carros manuais é manter o veículo parado no aclive dosando os pedais da embreagem e do acelerador. A prática detona a embreagem e, se for recorrente, fará com que o item tenha de ser trocado prematuramente.

Automóveis automáticos também são capazes de permanecer parados na lomba sem a necessidade de o condutor acionar os freios: dependendo da inclinação da via, a marcha lenta já é suficiente para “segurar” o carro. Em outros casos, basta colocar uma leve pressão no pedal do acelerador para isso acontecer.

Ainda que veículos automáticos convencionais utilizem conversor de torque, que não sofre desgaste mecânico como a embreagem, mantê-los parados da forma descrita acima é uma “barbeiragem”.

“Usar a marcha lenta ou a aceleração para ‘segurar’ o carro esquenta o óleo da transmissão e aumenta o consumo de combustível sem necessidade”, alerta Cláudio Castro, engenheiro da SAE Brasil.

O especialista recomenda manter o pé no freio sempre que o carro estiver parado, como em semáforos, independentemente da inclinação da via.

“Dessa forma, o conversor de torque é desacoplado e o motor fica livre, sem gastar combustível”.

2 – Selecionar ‘P’ ou ‘R’ com carro em movimento

Ao manobrar, na pressa, é comum o condutor selecionar a opção “R” (ré) com o veículo ainda se movimentando para a frente. Ou acionar “P” (estacionamento), que trava as rodas motrizes, antes de o carro parar completamente.

Mesmo que a “barbeiragem” aconteça a baixa velocidade, destaca o engenheiro da SAE Brasil, com o tempo vai danificando componentes da transmissão automática, como engrenagens.

“O risco é maior em câmbios mais antigos, cujas posições são acionadas mecanicamente. Modelos mais recentes são equipados com um controle eletrônico que impede acionar a ré ou a posição de estacionamento com o veículo ainda se movimentando”, pontua.

3 – Colocar câmbio em neutro ao parar no semáforo

Câmbio automático pode ser operado por alavanca que percorre um trilho ou trazer comandos no estilo “joystick” Imagem: Divulgação

Motoristas acostumados com veículos manuais têm o hábito de colocar o câmbio em ponto morto ao parar no semáforo ou em congestionamentos.

A prática está correta, pois assim o condutor deixa de manter o pedal da embreagem pressionado durante a parada, preservando o componente.

Contudo, em carros automáticos, a recomendação é outra: o correto é manter o câmbio na posição “D” e o pé no pedal do freio.

“Mantenha na posição “D” com o pé no freio, pois isso mantém o sistema hidráulico pressurizado e os componentes lubrificados. A lubrificação de muitas transmissões automáticas depende da respectiva conexão com as rodas”, ensina Claudio Castro.

Camilo Adas, conselheiro da SAE Brasil, acrescenta que função “N” (neutro) foi criada para situações de manutenção, quando é preciso rebocar o veículo ou movimentá-lo com o motor desligado, liberando as rodas de tração.

Vale destacar que alguns carros trazem tecnologia que desacopla automaticamente o câmbio, inclusive com o veículo em movimento, para poupar combustível.

4 – Fazer motor pegar ‘no tranco’

Imagem: Getty Images

A bateria arriou? Em veículos equipados com câmbio manual, a saída é fazer o motor pegar “no tranco”, ou seja: virar a chave de ignição, engatar a segunda marcha, “embalar” o carro e soltar suavemente o pedal de embreagem.

A tática não está livre de riscos, especialmente se a correia dentada se romper: nesse caso, a possibilidade de danificar uma ou mais válvulas é grande.

Existem carros automáticos que, em tese, também podem “pegar no tranco” – segundo Erwin Franieck, da SAE Brasil. No entanto, a prática deve ser evitada.

Ele orienta a posicionar o seletor em “N” e colocar em “D” ou “2” quando o veículo atingir uma velocidade de aproximadamente 20 km/h. Com isso, o motor deve ligar.

Ao mesmo tempo, o “tranco” força componentes e, se for realizado de forma recorrente, as chances de dor de cabeça aumentam – e muito.

“Se a bateria ficar descarregada, o recomendado é fazer a ‘chupeta’ ou recarregá-la usando aparelho específico para este fim. Se a bateria já não retiver a carga, aí será necessário trocá-la por uma nova”, recomenda o engenheiro Edson Orikassa.

5 – Dirigir automático como se não houvesse amanhã

Muitos acreditam que o câmbio automático não requer manutenção preventiva e essa crença pode gerar prejuízos pesados lá adiante.

Transmissão automática tem engrenagens e outras peças que precisam estar bem lubrificadas, da mesma forma como acontece em veículos manuais.

As especificações e os prazos para a troca do fluido são indicados no manual do veículo e devem ser respeitados. O serviço, inclusive, pode ser antecipado, dependendo das condições de uso do automóvel.

Vale destacar que alguns modelos não trazem a recomendação de troca de óleo, que supostamente dura por toda a vida útil do veículo.

No entanto, isso não significa que a transmissão automática está livre de problemas de lubrificação.

“Pode acontecer algum vazamento, o que reduz o nível do lubrificante, elevando o atrito entre partes internas e elevando a temperatura, que é uma grande vilã quando se trata de carros automáticos”, alerta Edson Orikassa.

O especialista destaca que, além da redução no nível, o óleo pode receber algum tipo de contaminação por agentes externos, o que reduz a sua eficiência.

“Vale verificar o óleo durante as revisões. Se apresentar uma aparência escurecida, isso pode sinalizar que já não apresenta as características necessárias de lubrificação.

Problemas com o óleo apresentam sintomas comuns, como trancos na troca de marchas. A transmissão também pode “patinar”, ou seja, ao acelerar o carro demora alguns instantes para tracionar as rodas.

UOL/Carros/ALESSANDRO REIS

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